sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

SANGUE!!!

SAngue.
É a pauta de hoje lisonjeados.
Como se fosse um titulo de redação de algum vestibular de ingresso a universidades, mas colocando as minhas loucuras transpassadas em pensamentos sem medo de um corretor que me “zeraria” a redação..
O primeiro soar da palavra sangue já trás consigo um mal estar, nos remete a chacina, morte, guerra, machucados, sujeira, dor. Por outro lado temos construções encima do sangue, como o sangue azul, que é o sangue real, nada mais fancy que isto. Existe também a exaltação perante parentesco, onde o mesmo sangue confirma a existência de uma ligação superior, isto porque talvez nem seja o mesmo sangue (biolóides discorreriam sobre a possibilidade a partir de cruzamentos de indivíduos masculinos com os femininos que resultariam em um sangue inclusive possivelmente diferente de ambos).
Fatores históricos ainda podem ser levados em consideração, como é o caso dos samurais que colocavam uma gota do seu sangue para validar assinaturas em documentos importantes onde tal feito poderia lhes tirar até a vida,
É uma construção simbólica que muitos (quanto digo muitos, sugiro milhões) fazem questão de reafirmar ao comerem a comunhão que implícita o corpo e o sangue do Cristo, e desta forma se elevam a um ser purificado e bondozo e que saindo dali vai cometer as maiores atrocidades e esconder da sociedade e ser o que O BOM DEUS nos disse para ser, e qual foi a força do sangue?
Jargões? Muitas vezes até se contradizem como ao exprimir o nervoso “o sangue está fervendo” ou vida “ o sangue que corre nas minhas veias”ou então “o puro sangue” para exprimir raça pura ( uma maneira que remete ao arianismo) a definição de um sangue metáfora burra para raça como superior.
Mas porque uma construção tão importante encima de um simples líquido vermelho que não é nada sem diversas outras funções? Não corre sem o coração; não tem qualidade sem uma boa alimentação, serve como rio para glóbulos chegarem até outros lugares ou até como assassino de seu próprio feitor em caso de envenenamento. Se eu disser que o sangue é NADA podem me apedrejar. Afinal, não passa de uma construção social, e ao dizer isso muitos dirão Que menino tapado, só sabe falar do que aprende na faculdade, mas não é assim . O sangue é uma construção social porque o ser humano precisa de metáforas, e as cria para justificar suas ações e atitudes, de uma forma que não precisa ser clara e direta, e assim simplesmente complica vivencias, o sangue faz o ser humano acreditar e validar seus princípios sociais.
O que aconteceria se eu definisse ao invés de sangue afinidades, meus amigos seriam meus afins, mais alguns familiares que “são meus amigos” também, tudo seria simplificado, famílias não seriam desestruturadas, filhos não teriam problemas psicológicos por seus pais não se enquadrarem num molde pré concebido.
É falta de sensibilidade usar “sangue” como parâmetro de definições de status. Por exemplo, 25 anos após o surgimento do vírus Hiv ( a síndrome da imunodeficiência, ou a peste gay como queiram) temos pessoas que segregam pessoas pelo fato de terem algumas letras digamos 3 que se inserem nos diversos nomes dados ao sangue como mais um, que o classifica como portador, uma denominaçao que pelo seu não conhecimento foi sinônimo de morte súbita, e que hoje não significa nada a partir da tomada de certas precauções tanto do infectado na maneira de se cuidar como de outros ao se prevenirem seja como for. Aids não mata, mas assusta de maneira inconcebível.
É disto que me refiro, se a importância dada ao sangue não fosse levada em conta, problemas diversos seriam resolvidos, se pudéssemos escolher nossos irmãos e pais, ou se um componente do seu sangue não estigmatizasse tanto seríamos todos iguais. Você pode pensar em anarquia do sangue, mas é só uma liberdade de conceitos, Tanto a sociedade ocidental como a oriental se unem nesta questão, estamos presos e atados a um mesmo símbolo que vem para desestabilizar nações e amedrontar ignorantes. Se o sangue tivesse importância social tão grande não estaria visivelmente preso dentro de corpos, carregaríamos potes com o nosso próprio sangue e faríamos um uso mais árduo, não como escravo alimentador da nossa vida, mas como ser poderoso que é capaz de mover montanhas. No nosso caso o escravo move as montanhas e dita ao senhor como agir. Pra finalizar chegando da minha grande viagem. Doem sangue.
C’est moi